Imagem em movimento

Segundo Toulet (1988), curadora do Departamento de Artes do Espetáculo, da Biblioteca Nacional da França e encarregada das coleções referentes ao cinema, o primeiro desenho animado foi produzido pelo francês Emile Reynaund: “Fotógrafo, projetista, promotor do ensino pelas projeções, antes de se tornar professor de ciências em Puy-em-Velay”, se depara com o Phénakistiscope, um aparelho óptico que dá a ilusão de movimento a partir da persistência da visão. O aparato, inventado pelo belga Joseph Plateau, em 1832, foi adaptado por Reynaud, que muda a abertura do disco e inclui vidros com a finalidade de aumentar a luz. O francês denomina o invento de Praxinoscope, patenteado em 1877. Surge então uma nova fase em direção ao cinematógrafo. Ele mesmo desenha, com intensa consistência e habilidade, as faixas estreitas de imagens e distribui os aparelhos obtendo sucesso imediato. Mais tarde aperfeiçoa o aparelho e cria o Praxinoscope teatro e o Praxinoscope de projeção, conectado a uma “lanterna mágica”.

Ainda, segundo Toulet, as pesquisas de Reynoud, convergem a uma faixa de papel com inserções de imagem feitas por ele mesmo, com extraordinária competência e desenhos ricos em detalhes. Trata-se de uma película de comprimento ilimitado, “enrolada em um carretel e que avança mediante uma engrenagem que se encaixa em furos”. Em 1889, fica pronto o Teatro Óptico. Esta invenção conduz Reynoud ao limiar da invenção do filme. De 1892 a 1900, o Museu Grévin exibe a milhares de espectadores as “Pantomimas Luminosas”. Um espetáculo que atraía multidões. Após algumas exibições, as iluminuras mostram-se muito instáveis, “a gelatina racha, o calor altera as cores, os furos se rasgam”.

Com isso, os espetáculos são cancelados para que Reynoud pudesse criar mais duas novas histórias. Este processo durou quase um ano e terminou pouco antes da primeira exibição de projeções do Cinematógrafo dos irmãos Lumière no Grand Café, em Paris. Desta maneira, “Graças a Emile Reynaud, o desenho animado nasceu antes do cinema”. (TOULET, 1988, p.69)